A Realidade do Futuro
A realidade aumentada almeja ser o próximo grande salto da humanidade, junto com a inteligência artificial e a tecnologia blockchain, elas disputam a corrida para ver quem primeiro transformará o mundo em um lugar diferente, e se tivermos sorte, em um lugar melhor.
Em tempos de pandemia a procura por ferramentas digitais e tecnologias emergentes cresceu de forma exponencial, impulsionando as pesquisas e o desenvolvimento de soluções que possibilitem a adoção e popularização de tecnologias inovadoras a um custo reduzido. Embora não seja novidade, as tecnologias como a realidade aumentada nunca tiveram grande adoção (exceto por filtros do Instagram) mas podem ser um grande aliado na aprendizagem, palestras e apresentações a distância.
A ideia principal por trás realidade aumentada é expandir a percepção e as capacidades cognitivas do ser humano sem a necessidade de nos tornarmos um cyborg (um ser simbiótico composto por partes orgânicas e mecânicas), essa melhoria seria alcançada através da inserção de elementos virtuais na nossa percepção da realidade cotidiana, ou seja, passaríamos a ter uma capacidade aumentada de interação com o meio que nos cerca e possivelmente com as pessoas ao nosso redor.
Um sistema de realidade aumentada pode ser definido como um sistema capaz de combinar o mundo real com o mundo virtual, com suporte a interações em tempo real, ou em outras palavras sem nenhum tipo de atraso perceptível entre o comando enviado e a resposta sensorial percebida. Esse tipo de tecnologia é bem representada nos filmes de Hollywood como o Homem de Ferro, no qual Tony Stark enquanto conversa com a J.A.R.V.I.S (sua inteligência artificial pessoal) visualiza uma série de gráficos e botões digitais pairando no seu campo de visão ou Vingadores: Guerra Infinita, onde a Shuri (Irmã do Pantera Negra) interage com imagens virtuais flutuantes em sua frente no que parece ser a interface de algum tipo de computador. A promessa subscrita por esses filmes embora empolgante e ativamente perseguida pelos pesquisadores, descola um pouco do que temos hoje como perspectivas de um futuro próximo, mas ainda assim, podem ser a fagulha de uma grande revolução.
Como funciona?
A realidade aumentada baseia-se em informações fornecidas por sensores que relatam constantemente o seu estado no ambiente. Um smartphone por exemplo, possui a sua disposição sensores como câmera, acelerômetro e giroscópio, que fornecem dados em tempo real e possibilitam assim o cálculo da posição de um objeto 3D em uma filmagem do mundo real, bem como a correção de variações causadas pela movimentação do dispositivo e pela incerteza do próprio sensor.
Grande parte desse trabalho é responsabilidade de um dos campos da computação conhecido como visão computacional, área de conhecimento responsável pela aquisição e interpretação das informações provenientes de um sensor visual como uma câmera e sensores ópticos. Esses sistemas são usados para percepção do ambiente, localização e posicionamento dos objetos 3D nas coordenadas correspondentes da imagem do mundo real.
As câmeras por serem sensores 2D capturam apenas imagens 2D, sendo necessário realizar transformações para que seja possível estimar a posição em um ambiente 3D o que insere complexidade ao sistema de percepção visual. Normalmente os sistemas de visão computacional usam algum tipo de marca fiducial para calibração e correspondência entre o mundo virtual e o mundo real, algumas ferramentas comuns para a detecção de feature são o ARToolkit, ARTag, A ApriTag and Aruco.
Marca Fiducial
Marca fiducial é um objeto colocado no campo de visão de um sistema de imagem que serve como ponto de referência ou medida. Através de marcas fiduciais é possível que algoritmos de visão computacional calculem a posição correspondente entre a matriz de pixels exibida na imagem e as coordenadas do mudo real, corrijam distorções, e aumentem a precisão das medidas realizadas.
Grande parte das aplicações de realidade aumentada é baseada no uso adequado dessas ferramentas, embora não sejam indispensáveis, elas facilitam e aumentam a confiabilidade de forma significativa.
Por onde começar?
Infelizmente por enquanto ainda não temos a tecnologia ilustrada nos filmes, com projeções flutuantes interativas e animações de tirar o fôlego, precisamos ainda confiar em uma câmera e uma tela para visualizarmos adequadamente uma aplicação de realidade aumentada. Entretanto, já temos muitas aplicações empolgantes e úteis que podem ajudar no aprendizado principalmente de crianças e jovens.
Algumas dessas aplicações já são bastante populares como o Google Arts & Cultura e o Pokémon Go, este último foi uma febre que acometeu um grande número de pessoas entre os anos 2016 e 2018, com o qual era possível caçar pokémons escondidos no mundo real e realizar batalhas virtuais em cenários reais por meio de um smartphone compatível. Mas existem muitas outras aplicações voltadas para o aprendizado e promoção cultural. Segue abaixo algumas aplicações de realidade aumentada interessantes.
Este é um aplicativo criado pelo BLAM (Black Learning Achievement and Mental Health), é um aplicativo com o objetivo de ensinar aos jovens através so uso da realidade aumentada a história de pessoas que lutaram pela liberdade de povo negro. Desenvolvida para um público alvo com idade entre 6 e 16 anos, esse aplicativo possui lições sobre pessoas negras e sua contribuição histórica, após cada lição há um quiz na qual se aprovado o jogador ganha um distintivo e libera a visualização de estátuas utilizando realidade aumentada.
É um aplicativo que transforma uma pintura impressa em uma animação, após imprimir e pintar uma folha desenhada fornecida pela Quiver é possível visualizar o personagem pintado como um objeto 3D em cima da folha. Esse aplicativo pode chamar a atenção de crianças e tornar as atividades escolares dos anos iniciais mais interessantes.
Com esse aplicativo é possível visualizar formas geométricas que flutuam em cima da superfície desejada, facilitando o entendimento e o reconhecimento de figuras geométricas presentes no currículo.
O que podemos esperar?
A tecnologia de realidade aumentada ainda promete muitas experiências excitantes e inovadoras, todas as grandes empresas de tecnologia estão investindo significativamente nessa evolução. Gigantes como a Microsoft têm o seu próprio dispositivo de realidade aumentada (Hololens) capaz de fornecer uma experiência muito mais imersiva e interessante do que com o uso de smartphones, e muitas outras estão investindo em dispositivos semelhantes que podem no futuro tornarem-se itens obrigatórios (como são hoje os celulares) e mudar completamente a nossa vida.
Por enquanto as melhores experiências serão protagonizadas por celulares e aplicativos criativos que unem gamificação e conteúdos didáticos, mas que devem ser pérolas em momentos de distanciamento social com o qual vivemos. Momentos de crises impulsionam grandes revoluções e possivelmente estamos a um passo de mais uma.
Alano Acioli
Engenheiro da Computação
Blockchain Nano degree, Blockchain
Especialista em ROS Framework, Qt, Python e C++.
Salvador-Bahia / Brasil
Comments